SCRUM: A arte de simplificar
- 18.07.2012
- Por Leonardo Schallenberg
- Cultura
A Agência UpSide desenvolve soluções para o mercado digital desde 2004 e assina alguns dos principais projetos web da região norte gaúcha. Trabalhamos em um mercado tecnologicamente cosmopolita e, a cada novo dia, encontramos um oceano de informações que precisam ser recebidas, processadas e monitoradas.
Trabalhamos com uma rotina que ultrapassa (e de longe!) a barreira do simples desenvolvimento de um site. Precisamos entender o perfil do consumidor-alvo (marketing), montar um escopo compatível com este perfil – e com as expectativas de nosso cliente (planejamento), desenvolver uma tecnologia simples, dinâmica e funcional (programação), dentro de uma interface intuitiva e agradável (design) e que gere tráfego e audiência ao nosso cliente (monitoramento).
No início de 2011 nos víamos em meio a um oceano de informações que precisavam ser gerenciadas. Os documentos necessários para desenvolver um projeto web ficavam cada vez mais complexos e, com um percurso tão longo a ser percorrido, nosso prazo (e orçamento) começaram a comprometer nossa colocação no mercado.
Decidimos parar, avaliar as coisas, e mudar totalmente de direção: instalamos em nossa empresa uma nova filosofia que chamamos de “Keep it Simple” (simplifique) e começamos a diminuir papéis, documentos, softwares, culturas. Tudo isso escorados na certeza de que precisávamos de um processo que privilegiasse a agilidade no gerenciamento de projetos e que aumentasse o nosso nível de resposta a mudanças.
Foi então que conhecemos o SCRUM, um “método ágil” de gerenciamento de projetos, pautado inicialmente no desenvolvimento de software, uma área onde tradicionalmente os projetos sofrem devido a mudanças no ambiente de negócios, inovações, legislação, concorrência e demais fatores. Devido ao fato do SCRUM não ser um processo fechado, nos adaptamos à sua filosofia e adaptamos parte do processo à nossa área, criando uma metodologia híbrida cujo objetivo principal era entregar somente o que poderíamos produzir, diminuindo frustrações e devaneios.
Equipes em SCRUM são pequenas, de cinco a nove pessoas, multidisciplinares, que trabalham normalmente juntas fisicamente. Para a grande maioria dos projetos em TI este tamanho é suficiente, levando em consideração que equipes em SCRUM aumentam a produtividade comparadas com equipes tradicionais em uma escala de 200% a 400% só pela remoção de desperdício causado pela engenharia dividida em fases.
Na prática, o SCRUM parte da simples estratégia de “Dividir para Conquistar”. Um grande projeto é dividido em releases menores. Essas releases, por sua vez, são quebradas em períodos de tempo normalmente fixados entre 15 e 30 dias, aos quais chamamos de sprints. Para acontecer, as releases são desmembradas em histórias, que tem normalmente uma relação direta com as funcionalidades solicitadas. Por último, essas histórias são fracionadas nas atividades nas quais as pessoas que desenvolverão o produto trabalharão.
Priorizadas as histórias, agrupa-se em uma sprint o número de histórias que aquela equipe é capaz de entregar dentro deste período de tempo. Ao término de uma sprint, havendo um desalinhamento de produtividade, medidas gerencias são adotadas pelo “Scrum Master” , um membro da equipe que recebe a função de “facilitador” do trabalho. É aqui que parte da mágica acontece: medidas de contingência são adotadas pouco tempo após o problema surgir, e não depois de meses como em alguns outros processos.
Com base nesta filosofia, o SCRUM funciona como um caminho sólido para o desenvolvimento de projetos, independentemente de tamanho, nos permitindo equilibrar prazos, custos e funcionalidades de acordo com o orçado, e eliminando vícios de metodologias de desenvolvimento próprias, como a que tínhamos anteriormente.
Se estivéssemos vendendo limonada, nosso cliente só precisaria valorizar o sabor do suco, e não o processo de fabricação, certo? Como fazer é problema nosso e, sendo assim, porque não tornar essa parte do processo uma coisa saborosa também?
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* Artigo escrito pelo Diretor de Negócios da Agência UpSide, Anderson Brisola, e publicado originalmente na coluna de TI da Revista IMED, em setembro de 2011.